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segunda-feira, junho 27, 2005

VAMPIRESCO



O Dogman já havia me alertado em uma visita dele por aqui que a Astro, apesar das limitações de seu acervo, dispõe de uma honesta cota de clássicos do cinema. Na sexta-feira passada resolvi investir em um clássico dos clássicos; "Nosferatu", do alemão F.W. Murnau.

Assisti este filme há muito tempo, mal lembrava de quão genial é esta pequena obra-prima, produzida em 1922. Ou seja, ainda na era do cinema mudo. É considerado um Top 10 do horror, apesar de, hoje em dia, não assustar tanto. Mas, quando chegou aos cinemas, no início do século passado, deve ter sido realmente assustador. E o que é a interpretação do Max Schreck no papel títuo? Brilhante é pouco.


Original: o primeiro e único Nosferatu

Ao final de "Nosferatu", lembrei de "A Sobra do Vampiro" (de 2000, dirigido por E. Elias Merhige). Neste longa, cuja sinopse vai abaixo, há outra impressionante atuação. É a de Willem Dafoe, que intepreta o próprio Schreck. O filme, no entanto, passou meio batido pela crítica e pelo público, apesar das indicações ao Oscar (melhor Ator Coadjuvante, para Dafoe, e maquiaem) e ao Globo de Ouro (melhor Ator Coadjuvante, Dafoe novamente).


Perfeito: Malkovitch e Dafoe, precisa dizer algo mais?

"Na Checoslováquia, F. W. Murnau (John Malkovich) está filmando "Nosferatu". Na verdade é o Drácula de Bram Stoker, mas como não foi autorizado pela família do autor Murnau mudou alguns nomes e detalhes e continuou seu projeto. Desejando fortemente fazer seu filme mais autêntico, ele contrata um vampiro de verdade para o papel principal. O elenco está curioso, pois ninguém conhece Max Schreck (Willem Dafoe), mas Murnau explica que Schreck estudou com Stanislavsky e se entrega totalmente ao papel, assim nunca deixa de ser o personagem, nem mesmo fora dos horários de filmagem.

Quando Max Schreck surge, não se revela um ator estranho ou temperamental, mas totalmente bizarro, pois sempre está maquiado, só filma à noite e fica bastante descontrolado quando vê sangue. Além disto após filmá-lo, Wolfgang Müller (Ronan Vilbert), o diretor de fotografia, fica muito doente e logo fica claro que Schreck colocou seus caninos no pescoço de Müller. O diretor o pressiona para que o acordo entre os dois seja cumprido, na qual ele tem de se controlar para ganhar seu "prêmio": o pescoço de Greta Schroeder (Catherine McCormack), a estrela do filme. Mas enquanto as filmagens transcorrem, Schreck não dá importância para as ameaças de Murnau e fica cada vez mais incontrolável. O diretor vai até Berlim internar Müller e voltar para à Checoslováquia com Fritz Arno Wagner (Cary Elwes), o novo diretor de fotografia, mas enquanto isto ocorre Albin Grau (Udo Kier), o produtor, e Henrick Galeen, o roteirista, tentam descobrir quem é realmente Max Schreck."


Sombra: um novo clássico?

[Ouvindo: Rough Silk - Nosferatu - Álbum: Beyond The Sundown]


PADRÃO NA PROVÍNCIA

A bela Ana Paula Padrão passou por Florianópolis na semana passada.
Veio divulgar a nova empreitada de Sílvio Santos no telejornalismo. E o que era para ser um encontro com jornalistas, virou evento social, para desespero da própria, que é arredia à coisas do tipo. E como Florianópolis é uma província eternamente, teve discurso do prefeito, do governador. De jornalismo mesmo, pouco se falou.


Padrão: o daqui é bem diferente do dela

Hoje, ouvi dizer de alguém que ouviu dizer lá no SBT de Joinville que a apresentadora saiu extremamente decepcionada com o estado (sem trocadilhos) do SBT na capital de todos os catarinenses. Compreensível. Não tenho certeza, mas aposto que os equipamentos usados são os mesmos de uma década atrás.

terça-feira, junho 21, 2005

DARTH VADER DERROTADO

Lendo o Blakk Blog, achei um link muito bom. O mesmo leva à um vídeo bem bolado em que Darth Vader é derrotado pelos... executivos de Hollywood.
Para quem é fã de "Star Wars" é obrigatório. Se você não, é assista também. É rapidinho e engraçado.

[Ouvindo: Black Sabbath - Danger Zone - Álbum: Black Sabbath Featuring Tonny Iommi - Seventh Star]

GENIAL!

Li esta hoje no blog do Dogman. É genial, fabulosa, impagável. Resolvi reproduzir para provar que vale a pena visitar o weblog do Homem-Cachorro:

Terça-feira , 21 de Junho de 2005

DA FALTA DE ATENÇÃO NOS CONDOMÍNIOS

Quase todos os dias, há mais de dois anos, pego o elevador com a vizinha do 801. Sempre na mesma hora, pouco antes das oito da manhã, eu seguro a porta e ela vem correndo, atrasada, lá do fim do corredor. Na primeira vez ela agradeceu, sorriu e disse um "bom-dia, vizinho" encantador. Na segunda vez, quando eu me preparava para retribuir o cumprimento do dia anterior, ela entrou direto, sem dizer palavra, e fez a viagem até a portaria ajeitando o penteado no espelho. Virou rotina: num dia sorria e falava comigo; no outro me ignorava e seguia muda. Durante esses dois anos e pouco me acostumei com seus altos e baixos, com sua dupla personalidade, com suas alterações de humor. Quando nossos horários não coincidiam eu sentia falta de sua companhia no elevador, já não me importava se era dia de cordialidade ou de carranca. Hoje cedo, tal qual uma trama de Conan Doyle, o mistério da vizinha do 801 se esclareceu. Enquanto eu segurava a porta ela veio correndo, atrasada. Logo atrás, gritando: "peraí que eu vou também", uma outra, igualzinha, veio correndo, mais atrasada ainda. As gêmeas entraram no elevador ofegantes. Uma falou comigo; a outra não.

[Ouvindo: Black Sabbath - Seventh Star - Álbum: Black Sabbath Featuring Toni Iommi - Seventh Star]

OUÇA "AQUI" O NOVO ÁLBUM DE TONNY IOMMI



Enquanto não é lançado no Brasil, o novo álbum de Tonny Iommi, lendário guitarrista do grupo Black Sabbath - e, na minha modesta opinião, criador do heavy metal -, pode ser ouvido - em streaming audio - clicando aqui.

"Fused" (Sanctuary Records) pode ser considerado o terceiro trabalho solo do músico britânico. Em 1996, ele chamou Glenn Hughes, ex-vocalista de Trapeze e Deep Purple, um cantor extraordinário, que ganhou o apelido de "The Voice Of Rock". Juntos, gravaram um disco excelente, que acabou não sendo lançado oficialmente, mas foi pirateado e ganhou o mundo batizado como "Eigth Star", alusão direta ao álbum "Seventh Star", primeiro e, infelizmente, único registro do Black Sabbath com Hughes nos vocais.


Oficial: "Eight Star" virou "The 1996 Dep Sessions with Glenn Hughes"

Ok, na verdade, este disco era prá ser o álbum solo de Iommi mas, por uma salutar pressão da gravadora, passou a ser um álbum do Sabbath. Ano passado, este material foi "tirado da gaveta", teve as partes de bateria regravadas e saiu rebatizado como "The 1996 Dep Sessions With Glenn Hughes" (Century Media Records). Não que seja extremamente necessário, mas eu explico: as novas partes de batera foram feitas pois o cara que as gravou originalmente, Dave Holland (ex-Judas Priest), estava sendo acusado de pedofilia. Então, tio Iommi optou por evitar quaisquer possíveis problemas. (Beleza, Holland nunca foi um grande músico mesmo).


Clássico: "Seventh Star" é um dos melhores do Sabbath

Ainda sobre "Seventh Star", vale registrar que é um dos melhores discos do Black Sabbath. Estão nele preciosidades do rock pesado como "In For The Kill", "Turn To Stone", "Heart Like A Wheel" (uma primeira incursão "oficial" do Sabbath no blues), a pesadíssima e espetacular faixa-título e a clássica balada arrasa-quarteirão "No Stranger To Love", que tio Iommi compôs para a guitarrista norte-americana Lita Ford (algo mais do que compreensível, se o Bonassoli fosse músico, também criaria uma especialmente para Lita, musa de toda uma geração headbanger).


Sem peso: O som da loura nem era tão heavy assim, era bem hard rock americano, acessível às rádios FMs

Lita Ford ganhou espaço tocando com as Runaways, banda só com garotas. Entre elas estava Joan Jett, outra exímia guitarrista, autora do clássico "I Love Rock And Roll". Após o fim do grupo, a loura se firmou na cena heavy dos Estados Unidos, na década de 1980. Um ou dois discos dela chegaram a ser lançados no Brasil (em vinil!) e o som era calminho até. Acho que caberia até em trilha sonora de novela.


Musa: A adolescência dos hoje trintões headbangers teve em Lita momentos de inspiração

Com o passar do tempo, pressão básica de gravadora, ela passou a investir num visual mais agressivo, explorando sua beleza, sensualidade, etc e tal. Tudo para tentar turbinar as vendagens. Desta fase, infelizmente, o material sonoro já não chegava mais ao Brasil e estávamos longe de sequer sonhar com Internet. Assim, por muito tempo, vários discos dela ficaram completamente desconhecidos para os fãs da América do Sul.


Com peso: de alguns shows em conjunto, a participação em um vídeo and the beuaty has made the beast to fall in love

A foto acima é um registro de algumas parcerias da loura musa e do tio Iommi. Eles tocaram em alguns shows - eu até tenho uma coletânea pirata do Black Sabbath com uma faixa da dupla ao vivo - e, dizem as más línguas, a Fera caiu de joelhos pela Bela. Ao que tudo indica, nem mesmo "No Stranger To Love" foi suficiente e tio Iommi sofreu sua maior derrota em toda a carreira.

Abaixo vai a letra da balada, para se ter uma idéia do quanto a loura musa abalou tio Iommi. A música é belíssima, perfeita para aquelas horas em que o cotovelo causa mais dor do que salário de jornalista:

No Stranger To Love (Tonny Iommi & Black Sabbath)

Cold is the night
Lonely till dawn
Cry for the light
For the love that won't come
You said that you'd never
Leave me alone

I gave you my heart
You cried for my soul
An angel won't come
This devil won't go
Something is wrong
I just can't get away

Living on the street, I'm no stranger to love
Why can't you see I'm no stranger to love
But I'm a stranger in your arms
Yes, I'm a stranger in your arms

Maybe it's right
But I just can't understand
The hurt that I feel
For my love second hand
I know I should leave
But I just can't walk away

Living on the street, I'm no stranger to love
Why can't you see I'm no stranger to love
Living on the street, I'm no stranger to love
I'm a stranger in your arms
Living on the street, I'm no stranger to love
Why can't you see I'm no stranger to love


[Ouvindo: Iommi - I Go Insane - Álbum: Fused]

domingo, junho 19, 2005

E O DIÁRIO CATARINENSE DESINFORMA



O jornal Diário Catarinense, do grupo gaúcho RBS, publicou em sua edição de sábado uma inverdade. Como se não bastasse isso, reforçou a situação na edição dominical, que chega às bancas na tarde de... sábado. Na noite da última sexta-feira, a Câmara dos Vereadores - em clara rota de colisão com o prefeito Dário Berger (PSDB) - aprovou por unanimidade o substitutivo da lei que garante subsídio para TODAS as tarifas do transporte coletivo da cidade. Exatamente o contrário do que desejava o chefe do Executivo municipal (Dário havia sugerido subsídio apenas para as linhas mais caras, por um período de 90 dias, renovável por outros 90). Engraçado é que no Diário de domingo, há ainda uma matéria garantindo que vereadores e prefeito estão se reaproximando.

Talvez pensando em fechar mais cedo suas edições de final de semana, a equipe do citado jornal baixou matérias afirmando com todas as letras que o impasse entre manifestantes e o governo estaria resolvido e que, a partir da próxima quarta-feira, tudo voltaria ao normal. O caos instalado na Capital de todos os catarinenses há quase 20 dias, se encerraria com a retomada dos preços anteriores ao aumento de 8,8% que deu origem às manifestações dos últimos dias que, por sua vez, desencadearam (forte) repressão policial, tumultos, quebra-quebras e tudo o mais que o país viu rapidamente pelas imagens geradas pela RBS TV para a Rede Globo. Por sinal, a cobertura da chamada "Grande Imprensa", os jornais e televisões do eixo Rio-São Paulo é fraquíssima, superficial e pouco esclarecedora.

Mas, voltando ao erro do jornal do grupo gaúcho de comunicação, não há nada resolvido. Afinal, para a lei entrar em vigor, ela precisa ser sancionada pelo prefeito do município, algo que Dário Berger NÃO FEZ ATÉ HOJE, DOMINGO. Se o tucano tivesse sancionado na sexta-feira, haveria tempo para que o decreto entrasse no Diário Oficial do Estado que será publicado amanhã, segunda-feira. Aí sim, as tarifas poderiam voltar ao normal. Como o prefeito pediiu não assinar nada para "estudar o caso durante o final de semana", os 8,8% continuam valendo. E a real possibilidade dos protestos serem retomado na segunda-feira é grande.

[Ouvindo: Whitesnake - Bloody Luxury - Álbum: Saints & Sinners]

COMO O OUVINTE NÃO É TELESPECTADOR...



Hoje foi domingo de plantão e, como de costume, estava eu escalado para cobrir mais uma emocionante peleja do Campeonato Amador de Futebol daqui de Florianópolis. Direto do Porto da Lagoa, Palmeiras e Pântano do Sul, líder e vice-líder da Segunda Divisão do certame. Nada contra os clubes ou o torneio, mas trabalhar bem em dia de jogo da Seleção é dose. Não tive pudores e levei o radinho para acompanhar Brasil e México na Copa das Confederações. Nem vou comentar o resultado.

O engraçado é que tanto a rádio Guarujá quanto a CBN/Diário transmitiram a derrota brasileira como se estivessem ao vivo em Hannover. É claro que as equipes das duas emissoras não estavam na Alemanha. No entanto, além das vozes dos narradores, repórteres e comentaristas, se escutava aquele tradicional barulho de torcida em estádio. Ora, mas como? Muito provavelmente, uma "base pré-gravada". E o ouvinte que se dane. Seja enganado e pronto.

Pô! nem é necessário este "efeito especial". Mais vale jogar na boa e dizer que estão acompanhando pela TV e apenas narrando para aqueles que, tipo eu, não podiam acompanhar no conforto do lar, em frente ao aparelho televisor, tomando uma cervejinha e comendo pipocas.

Não que isso importe, mas ouvi, como de costume, a transmissão da Guarujá. Não por nada, mas prefiro empresas catarinenses de verdade. ; )

[Ouvindo: Vintersorg - E.S.P. Mirage - Álbum: Visions From The Spiral Generator]

BONASSOLI, DE PIJAMA EM "PULP FICTION"



Thiago Rocha, competente guitarrista da instigante banda florianopolitana Blakk Market entrou na última sexta-feira no mundo piradinho e viciante dos blogs.

Hoje recebi um e-mail dele informando sobre a novidade e, prá minha surpresa, já havia um link de lá prá cá. Valeu, irmão. Fico "agradicido". Na visita inicial ao Blakk Blog, cujo nome é um trocadalho do carilho com a alcunha da banda do cidadão, me deparei com um post sobre o espetacular filme "Pulp Fiction".

E o Thiago citou um website que descobriu por acaso onde é possível para o desocupado descobrir, mediante algumas respostas de um questionário, com qual personagem do longa-metragem que consagrou Quentin Tarantino ele se parece (nossa, esta frase ficou pavorosa! ah, que se dane, trabalhei ontem e hoje, não vou me preocupar com o português bem escrito).

É claro que não resisti e fui descobrir com qual daqueles personagens eu me "pareço". E isso três dias depois de ter criado minha versão South Park. Como diria o menino-prodígio aquele, Santa pretensão, Batman!

No final das contas, o resultado abaixo até que me agradou, apesar de não ser os que eu gostaria. Preferia mais parecer com o Vincent Vega (interpretado pelo Jhon Travolta) ou com o Butch (vivido pelo Bruce Willis). Mas tá valendo...


What Pulp Fiction Character Are You?

You're cautious, a bit paranoid. You left the scene for the suburban married life, but somehow, touble seems to follow you and piss on your mornings. You are quick to share your point of view, but have no problems with giving in to the requests of wives and wolves.

Take the What Pulp Fiction Character Are You? quiz.



[Ouvindo: Vintersorg - Vem Styr Symmetrin? - Álbum: Visions From The Spiral Generator]

quinta-feira, junho 16, 2005

UM DIA EM SOUTH PARK

Não sou famoso para merecer uma aparição no impagável desenho animado South Park, mas também tenho uma versão estilizada no padrão do excelente programa:


Comics: se o Bonassoli fosse personagem do desenho, seria mais ou menos assim

[Ouvindo: Elis - Sie Erfast Mein Herz - Álbum: God´s Silence Devil´s Temptation]

quarta-feira, junho 15, 2005

TRADIÇÃO, PÁTRIA E FAMÍLIA



Ontem, durante o Jornal Nacional, em meio à cobertura do "Roberto Jefferson Gate", eis que um dos entrevistados foi ACM Neto. Sim, neto do velho ACM, o popular Toninho Malvadeza, "imperador" da Bahia. Um dos males da política é esta perpetuação de determinadas espécies. Até prova em contrárito, são todos inocentes os políticos. Isso garante nossa Constituição. Mas é uma pena que o poder esteja sempre nas mãos das mesmas castas, não é?

Ontem e hoje apreoveitei a folga "forçada" para ler um dos livros necessários para a redação do meu projeto de mestrado. Em "Lideranças do Contestado" (Editora da Unicamp), do professor do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Paulo Pinheiro Machado, tive certeza de que o fenômeno da continuidade do poder não é algo exclusivo das esferas federais. Grande conclusão, Sherlock! Na minha terra natal, a saudosa Curitibanos, a coisa também sempre foi assim. Durante a Guerra do Contestado, início do século XX (1914-1916), quem mandava no pujante município da Serra catarinense era o Coronel Albuquerque. Seus rivais no controle da nem tão pacata cidade - rezam as lendas que para fulaninho amanhecer degolado lá prás minhas bandas não precisava muito - eram os Farias.

Muitas décadas depois, quando eu freqüentava o então chamado curso primário na Escola Básica Arcipreste Paiva, o popular Colégio das Freiras, Farias era sobrenome de família rica, poderosa mesma. Acho até que o médico que cuidou da minha mamma durante o meu parto era da citada linhagem. Muitos dos nomes que li no excelente livro do professor Pinheiro Machado se repetiram nas mesmas famílias, décadas após o conflito que começou em Curitibanos e teve lá seu epicentro. Pelo pouco que lembro da política curitibanense da segunda metade da década de 1970, alguns herdeiros dos velhos coronéis estavam na câmara dos vereadores e/ou na prefeitura. Hoje, se não estão no comando, provavelmente são exemplo de prosperidade. Os descendentes dos caboclos que fundaram o movimento que fez a guerra, tenho certeza, seguem vivendo nos bairros pobres de Curitibanos.

[Ouvindo: Sepultura - Black Steel In The Hour Of Chaos - Álbum: Revolusongs]

sexta-feira, junho 10, 2005

A ENTREVISTA "PERDIDA"




Passada uma semana da tour do grupo norte-americano W.A.S.P. pelo Brasil, lembrei de uma entrevista que fiz há dois meses com o vocalista, guitarrista e líder da banda, Blackie Lawless, para o jornal A Notícia. A matéria foi publicada no caderno "Anexo" e pode ser lida clicando aqui. Os editores da revista Valhalla, da qual sou colaborador, me pediram para aproveitar o material e escrever uma versão para a edição de junho, período dos shows em São Paulo (SP) e Curitiba (SP), além de outras cidades da América Latina.

Como eu sabia que meu espaço no jornal não seria muito extenso, não criei uma pauta muito ampla e o resultado final ficou muito pequeno para uma matéria de capa para a revista. A solução seria solicitar à gravadora do W.A.S.P. no Brasil, a Century Media, uma conversa complementar com o músico. Infelizmente, por problemas operacionais, a segunda entrevista - que seria feita por um colega na redação da Valhalla, em Sorocaba (SP), acabou não acontecendo. A versão impressa em A Notícia foi apenas uma parte do material total que disponho, então resolvi publicar a íntegra aqui no blog, para que não fique perdido no HD aqui do computador.

Todas as fotos deste post são de Pepe Brandão. Foram tiradas no show de sábado, 04 de junho de 2005, na Via Funchal, em São Paulo.

Entrevista com Blackie Lawless:
Bonassoli - O primeiro álbum do W.A.S.P. que comprei foi em 1984. Fiquei louco quando ouvi "The Torture Never Stops" e pensei comigo mesmo quando vocês viriam ao Brasil para uma tour. Depois de 21 anos, finalmente aqui vêm vocês. Por quê o grupo levou tanto tempo para tocar no Brasil?


Inusitado: Lawless literalmente sobe no pedestal

Blackie Lawless - Promotores (de shows). Eles nunca acreditaram que o W.A.S.P. tivesse fãs na América do Sul ou no Brasil. E nós ficamos falando para eles durante todos estes anos que nós temos uma forte base de fãs aí. Agora, finalmente, eles nos deram uma chance. Eu estou irritado, a banda está irritada e os fãs estão irritados porquê eles nos fizeram esperar por tanto tempo. Nós vamos aí e mostrar para os promotores porquê eles deveriam ter nos levado há tanto tempo.

B - Você disse em sua última entrevista para a revista Valhalla que trabalhou em "The Neon God" durante cerca de 10 anos. Isso nos leva de volta ao ano de 1995, apenas três anos depois de "The Crimson Idol", um disco cuja temática é semelhante às duas partes de "The Neon God". Você fala sobre religião tomando controle do homem. Estes temas sobre religião, fanatismo são tão importantes para você ou foi apenas coincidência?

BL - Sim, religião é importante. Mas há uma diferença básica entre os dois álbuns. "The Crimson Idol" é uma história bem simples, sobre um garoto que está procurando pela aprovação e o amor de seus pais. Com "The Neon God" a história é mais complexa. Quando eu a compus, me fiz aquelas questões básicas que todos fazemos, "quem sou eu?", "minha vida tem sentido?", "Deus existe?". E pensei que precisava de um modo de colocar tudo isso em uma letra de música. E cheguei à "Deus, por quê eu estou aqui?". E esta é, provavelmente, a questão que nós (a humanidade) mais temos feito.

B - Alguns dias atrás acompanhamos em detalhes a morte do Papa. Um tema que foi explorado intensamente pela mídia. Como o Brasil é o maior país católico do mundo, você pode imaginar o quê a imprensa fez por aqui. O Papa estava em todo canal de TV, revista e programas de rádio. Apesar de ele ter tentado trazer a paz e a tolerância entre as diferentes religiões, cometeu alguns erros com temas polêmicos como, por exemplo, proibir o uso de preservativos na era da Aids. Você acha que o Papa foi um "Neon God"?

BL - (Silêncio). Essa é uma questão interessante. (Mais silêncio). Primeiro é preciso explicar o que é o título "The Neon God". Significa, iluminar, criar algo que seja artificial, colocar luz em algo artificial. Para mim, colocar o Papa nesta categoria seria injusto, porquê eu não sei muito sobre ele. Mas é uma boa e eu te aplaudo. Vou pensar mais nesta questão.

B - Ainda na sua conversa mais recente com a Valhalla, você comentou sobre a mudança com o passar dos anos das temáticas de suas composições. De sexo, drogas e rock and roll passando algo mais adulto. Isso deve continuar no próximo trabalho do W.A.S.P.?

BL - Sim, eu realmente fiquei mais sério. Mas algumas vezes eu volto ao passado, como em "Helldorado", que foi uma celebração. Para ser honesto, depois de ter trabalhado em "The Crimson Idol" e as tours seguintes e de ter gravado "The Neon God", estamos prontos para voltar ao começo.

B - Como esta será sua primeira vinda ao Brasil, podemos esperar um setlist com as canções antigas? Eu posso esperar que vocês toquem "The Torture Never Stops"?

BL - Nunca fomos ao Brasil. Achamos que é muito importante mostrar aos fãs o que fizemos no início. Vamos fazer um show que será muito, muito similar ao que fazíamos em 1993 e 1994. Vamos levar todo o sangue, todas as serras, pois achamos que devemos isso para vocês. Não sei se tocaremos "The Torture Never Stops", mas tocaremos "Fuck Like A Beast", "I Wanna Be Somebody", "L.O.V.E. Machine", "Wild Child", "Blind In Texas". Todas as clássicas do W.A.S.P. Não vamos nos concentrar em "The Neon God", podemos até tocas duas ou três faixas. Se o Brasil tivesse nos visto várias vezes no passado, aí eu poderia te dizer que iríamos nos concentrar mais no novo álbum.


Frontman: o vocalista teve a platéia nas mãos, como os fãs esperavam

B - Quais são seus planos depois desta tour?

BL - Voltaremos para os Estados Unidos e continuaremos a tour por mais seis semanas, depois vamos fazer alguns festivais na Europa. Então voltaremos para começar o próximo álbum. E, como eu disse, o próximo será muito parecido com o que fazíamos no começo.

B - Sei que muitos já te perguntaram isso antes e que você deve ter respondido muitas vezes, mas, qual o significado do nome W.A.S.P. para você?

BL - Honestamente, este nome é controverso. Por causa dos pontos após as letras. Nenhuma banda havia feito isso antes. E depois muitas fizeram. Então, obviamente, foi uma boa idéia. E sabíamos que colocando os pontos estaríamos criando controvérsia. E foi melhor do que eu jamais sonhei que pudesse ser. Para mim, o significado é o que você quiser que seja. Eu nunca quis que tivesse apenas um significado. Eu queria criar controvérsia.

B - Você é descendente de índios, certo? Você conhece as tribos indígenas brasileiras? Sabe da realidade delas?

BL - Sim, sou descendente dos índios Black Foot (Pés Pretos). Sim, conheço porquê estive aí em 1992 e vi muitos deles e foi muito triste para mim. Fiquei chocado. Eu sou um cidadão americano, mas também sou um índio americano e tenho sentimentos muito fortes sobre isso.

B - No álbum "Dying For The World" você fez sérias críticas aos atentados terroristas de 11 de Setembro. Algo compreensível, pois seu país foi atacado. Mas agora vemos as tropas americanas no Iraque há dois anos. Milhares de civis estão morrendo, muitos soldados americanos estão morrendo. Qual sua opinião sobre a política externa dos Estados Unidos?


Malabarista: O pedestal se transforma, em vários momentos, num verdadeiro balanço, levando seu "piloto" ora quase ao chão do palco, ora quase sobre a primeira fila do público

BL - Não acho que (a política) seja nova. Os Estados Unidos têm feito isso há muitos anos. Em "Still Not Black Enough" eu escrevi uma canção sobre isso, "Goodbye América". E sou bem crítico contra isso. É como eu disse em "Dying For The World": me sinto como se tivesse nascido de dois pais. Um europeu branco e um índio americano. E há um conflito entre ambos. Ouço sempre esta questão: o quê eu acho sobre a política americana, acho que foi na França ou na Alemanha. Minha resposta foi "por quê você está me perguntando isso? Vocês é que foram ao meu país, invadiram-no e o tomaram". O que quero dizer é o que os Estados Unidos estão fazendo agora é o mesmo que os europeus brancos e imperialistas fizeram no passado. A América do Sul é uma prova disso. Eles vieram e tomaram tudo o que quiseram, quando quiseram. Não há diferença.

[Ouvindo: W.A.S.P. - Trail Of Tears - Álbum: Dying For The World]

terça-feira, junho 07, 2005

E LÁ VAI MRS. ROBINSON



Morreu na última segunda-feira a atriz Anne Bancroft. Esqueceu quem é? nunca ouviu falar?
A eterna Mrs. Robinson, a cidadã que tira a virgindade do personagem de Dustin Hoffman no clássico "A Primeira Noite de um Homem", de 1967. Casada com o ator e produtor Mel Brooks, ela não resistiu à um cancer uterino e, aos 73 anos, passou desta prá melhor.


Abbe: para sempre, Mrs. Robinson

Na carreira, ganhou o Oscar em 1962 ("O Milagre de Anne Sullivan"), o Globo de Ouro em 1969 e um Emmy em 1970. Era de uma época em que as estrelas do cinema eram simplesmente maravilhosas, lindas, perfeitas e não descartáveis como muitas superestimadas de hoje em dia.

[Ouvindo: Nevermore - The Sound Of Silence - Álbum: Dead Heart In A Dead World]

segunda-feira, junho 06, 2005

UM FIM DE SEMANA COMPLICADO



O último domingo foi complicado para a minha família.
Enquanto eu enfrentei 10 horas de uma torturante viagem entre São Paulo e Florianópolis, sofrendo com uma inflamação na garganta, calafrios e dores por todo o corpo, meus pais sofreram um acidente automobilístico. Os dois voltavam de carona com um casal de primos meus de um casamento em Canoinhas, no Norte do Estado, quando um "distinto" caminhoneiro simplesmente fechou o veículo. A sorte foi que o meu primo - que tirou a carteira de motorista há pouco mais de um mês - teve a manha e a tranqüilidade para salvar a turma.

Ninguém se machucou e o prejuízo material até que não foi tão grande quanto poderia ter sido. Um terceiro carro, que vinha atrás, não só perseguiu o caminhão por vários quilômetros para anotar a placa (coisa que conseguiu fazer), como ainda prestou maior ajuda, levando meu primo até a Polícia Rodoviária. Isso é bem raro hoje em dia, mas ainda existem pessoas que ajudam outras sem o menor interesse. Segundo informações deste bom samaritano, o caminhoneiro aparentava estar bêbado, pois, guiava de forma descontrolada, cruzando a pista de um lado para outro.

[Ouvindo: Seduce - Love To Hate - Álbum: Seduce]

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