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quarta-feira, junho 15, 2005

TRADIÇÃO, PÁTRIA E FAMÍLIA



Ontem, durante o Jornal Nacional, em meio à cobertura do "Roberto Jefferson Gate", eis que um dos entrevistados foi ACM Neto. Sim, neto do velho ACM, o popular Toninho Malvadeza, "imperador" da Bahia. Um dos males da política é esta perpetuação de determinadas espécies. Até prova em contrárito, são todos inocentes os políticos. Isso garante nossa Constituição. Mas é uma pena que o poder esteja sempre nas mãos das mesmas castas, não é?

Ontem e hoje apreoveitei a folga "forçada" para ler um dos livros necessários para a redação do meu projeto de mestrado. Em "Lideranças do Contestado" (Editora da Unicamp), do professor do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Paulo Pinheiro Machado, tive certeza de que o fenômeno da continuidade do poder não é algo exclusivo das esferas federais. Grande conclusão, Sherlock! Na minha terra natal, a saudosa Curitibanos, a coisa também sempre foi assim. Durante a Guerra do Contestado, início do século XX (1914-1916), quem mandava no pujante município da Serra catarinense era o Coronel Albuquerque. Seus rivais no controle da nem tão pacata cidade - rezam as lendas que para fulaninho amanhecer degolado lá prás minhas bandas não precisava muito - eram os Farias.

Muitas décadas depois, quando eu freqüentava o então chamado curso primário na Escola Básica Arcipreste Paiva, o popular Colégio das Freiras, Farias era sobrenome de família rica, poderosa mesma. Acho até que o médico que cuidou da minha mamma durante o meu parto era da citada linhagem. Muitos dos nomes que li no excelente livro do professor Pinheiro Machado se repetiram nas mesmas famílias, décadas após o conflito que começou em Curitibanos e teve lá seu epicentro. Pelo pouco que lembro da política curitibanense da segunda metade da década de 1970, alguns herdeiros dos velhos coronéis estavam na câmara dos vereadores e/ou na prefeitura. Hoje, se não estão no comando, provavelmente são exemplo de prosperidade. Os descendentes dos caboclos que fundaram o movimento que fez a guerra, tenho certeza, seguem vivendo nos bairros pobres de Curitibanos.

[Ouvindo: Sepultura - Black Steel In The Hour Of Chaos - Álbum: Revolusongs]

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