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sexta-feira, fevereiro 17, 2006

SOBRE OS PROBLEMAS DA "MAGIA" DE FLORIANÓPOLIS

Este eu copiei do blog do Damião, que pescou em outro blog, que...
Vale pelo alerta sobre as verdades da capital de todos os catarinenses, que poucos falam na chamada "grande mídia". O artigo foi publicado originalmente no Jornal do Brasil.

Obs.: A Carlinha eu não conheço, até porquê não tô na meia-idade. : )

Rio com cortes
Fernando de Castro

Florianópolis é uma espécie de Rio de Janeiro editado. Uma versão com cortes. No bom e no mau sentido. Os títulos, por exemplo, se equivalem. Enquanto o Rio debate-se em exercícios de auto-estima que justifiquem o cada dia mais contestado status de Cidade Maravilhosa, por aqui a fama de Ilha da Magia ainda serve como um slogan oportuno, acreditado e eficientemente distribuído entre os turistas através de uma inteligente - e, vez que outra, exaustiva - estratégia de marketing.

O mais inocente folder oferecido em lugares de alta rotatividade pode conter uma explícita mensagem pró-cidade, independentemente da área de atuação do seu distribuidor. O sujeito que compra e vende ouro se auto-intitula o "mais seguro da Ilha da Magia". O vendedor de milho, sem falsa modéstia, serve "o melhor milho da Ilha da Magia". A funerária recomenda: "agora que você já encontrou o paraíso, é hora de pensar no seu bem-estar. Vai querer passar a eternidade de forma desconfortável? Temos os melhores caixões da Ilha da Magia, em até seis vezes no cheque".

Nem mesmo Carlinha, 19 anos, gaúcha, universitária, corpo tipo mignon, discreta e ideal para executivos, deixa por menos na hora de detalhar suas virtudes: não bastasse prometer-se como a mulher que todo homem na crise da meia-idade não só acredita existir como sonha conhecer, ainda é a "mais querida da Ilha da Magia".

Os 58 bolsões de pobreza, entretanto, também fazem parte de um bem executado número de ilusionismo. Ainda não se vê a miséria interferindo nos propósitos turísticos da cidade, embora ela não só exista como tal índice seja uma exorbitância quando confrontado com o total da população, que não ultrapassa os 400 mil habitantes. Trata-se de um truque perigoso.

Devidamente alojados no fundo falso da cartola, os miseráveis são um número dispensável pelo poder público. É uma tática que remete diretamente aos erros cometidos no Rio. O empenho em manter intactas as áreas destinadas ao turismo - principal fonte de renda - vem impedindo que políticas sociais voltadas para a camada mais pobre sejam executadas com o mínimo de coerência.

O resultado tem sido a invasão silenciosa de áreas de proteção ambiental, onde já se enxerga um princípio de empilhamento de casebres, no esboço daquilo que em pouco tempo assumirá a forma de favelas. É o habitat ideal para que logo se institua o famoso poder paralelo.

O Rio já ensinou que esse tipo de descaso com no futuro custa caro a todos, sem exceção. Sobretudo em cidades que dependem basicamente do turismo para prosperar. Florianópolis tem uma bela chance de não repetir os mesmos erros que o Rio. Por enquanto, é muito menos uma questão de mágica do que de boa vontade.

O Bornhausen, por exemplo, já avisou que em breve pretende se aposentar.

Ainda é muito pouco, mas não deixa de ser um bom sinal.

[Ouvindo: Apocalyptica - Inquisition Symphony - Álbum: Inquisition Symphony]

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