sábado, agosto 20, 2005
DOR E TRISTEZA PROMOVIDAS PELA TRAGÉDIA E A NEGLIGÊNCIA
A última sexta-feira foi marcada por duas tragédias causadas pelo fogo. Em Chapecó, região Oeste de Santa Catarina, sete integrantes da mesma família morreram carbonizados durante a madrugada. Em Florianópolis, parte de um dos maiores patrimônios culturais e arquitetônicos da Capital catarinense ardeu em chamas e várias famílias perderam a única fonte de renda, conforme ampla cobertura do jornal A Notícia, que pode ser lida aqui e aqui.
No primeiro acidente, não é possível imaginar a dor das três sobreviventes. Não foi "só" o caso de ter uma casa queimada, mas a sensação no mínimo desesperadora de perder sete entes queridos de uma vez só. Pouco resta a ser feito, a não ser refletir, rezar.
No segundo, a negligência do poder público que nada fez para evitar uma tragédia anunciada. Há anos os riscos de um incêndio - por causa do obsoleto sistema elétrico do local, além da ocupação desordenada do espaço interno - são denunciados pelo Corpo de Bombeiros, pelo Ministério Público e pelos próprios comerciantes. Nada foi feito e todo ano o problema é adiado. O resultado se viu ontem.
Outro fato que chamou a atenção foi a fragilidade da cidade para controlar um desastre de grande porte. Os bombeiros trabalhando em precárias condições, com equipamentos visivelmente obsoletos. Não foi apenas o Bonassoli que viu soldados da corporação se defendendo da fumaça intoxicante com panos molhados enrolados no rosto. Tecnologia utilizada quando Jesus Cristo era ainda garoto, em Nazaré. As mangueiras furadas também foram atração para o público que assistiu o combate às chamas. Não há verba para a aquisição de novos aparelhos para o Corpo de Bombeiros (corporação subordinada à Polícia Militar de Santa Catarina)? Talvez. Mas na edição do Diário Oficial do Estado, publicada no útlimo dia 17, ficou claro que a PM dispõe de R$ 29.111,00 para a compra de MEDALHAS comemorativas aos 170 anos da instituição. É preciso ter muita paciência.
Existe outro dado que precisa ser apurado. Um dos fotógrafos que cobriu o incidente mostrou uma foto que mostrava a colocação de uma câmera do sistema de vigilância instalado em uma rua paralela. Supostamente, a tal câmera não estaria funcionando e foi ligada às pressas, quando o incêndio já estava ocorrendo. Lamentavelmente, isso tudo impressiona muito mais do que a imagem da coluna de fumaça negra que pôde ser vista em Palhoça, município vizinho à Florianópolis, e em bairros distantes do centro da Capital. Por falar nisso, daqui do Continente ainda se nota a fumaça, hoje, um dia depois. Mas ontem, retratada do alto do Morro da Cruz, por exemplo, a cena parecia ter saído de algum noticiário sobre atentados terroristas.
[Ouvindo: Sentenced - Despair-Ridden Hearts - Álbum: The Funeral Album]
