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sábado, janeiro 22, 2005

DIVULGAR PARA PREVENIR



Edição de hoje do Jornal de Santa Catarina, sediado em Blumenau (SC), publica importante matéria de denúncia sobre jovens da região que defendem o nazismo. A reportagem, assinada pelo colega Alex Gruba, é de extrema importância e merece ser divulgada amplamente. É impressionante - e apavorante - que, em pleno século XXI, ainda existam resquícios de uma política horrível, preconceituosa e negativamente avassaladora como foi a implantada pelo infame Adolf Hitler.

Incrível como em um estado como o de Santa Catarina, existam pessoas que compactuem com a ditadura, com idéias de superioridade racial e de ódio extremo. É preciso que este tipo de movimentação, mesmo que fosse realizada "em tom de brincadeira", seja rápida e fortemente extinta. Eu sinceramente duvido que atos como estes possam se alastrar em um país como o Brasil, onde o povo normalmente é de boa índole. Mas prevenir é sempre o melhor remédio. Cresci ouvindo histórias sobre Blumenau e região, sobre a continuidade de famílias que ainda estariam presas ao passado obscuro da Alemanha. Mas sempre preferi acreditar que era pura bobagem, coisa de rivalidades interioranas. Espero não estar equivocado.

Só não me surpreendi ao ler que os envolvidos são filhos de famílias das classes média e alta. O que pretendem eles? ter mais dinheiro? mais riquezas?

Crime
Jovens infestam a internet com mensagem nazista
Adolescentes de Blumenau e região afrontam a lei ao criar páginas para divulgar uma pretensa supremacia racial
ALEX GRUBA

Quase seis décadas depois da Segunda Guerra Mundial, os valores nazistas que incitavam à violência para a defesa de uma pretensa raça superior proliferam pelas mãos de jovens de Blumenau e região na internet. Em páginas de grupos de amigos, como o Orkut, ou em álbuns de fotos virtuais, como os fotologs, precoces defensores do nazismo culpam raças tidas por eles como inferiores pelos problemas no mundo.
A proliferação dos ideais racistas de Adolf Hitler levou a divisão de Direitos Humanos da Polícia Federal a implantar uma equipe para conter estes e outros crimes cibernéticos, que englobará também pedofilia, racismo e tráfico de seres humanos. Com o cerco, os sites não ficam muito tempo no ar. Um jovem explica em um comentário que era a quinta vez que precisava criar um novo perfil para montar um fotolog.

Neonazistas buscam abrigo em provedores estrangeiros

Enquanto driblam a política dos servidores com o registro de novos usuários, os nazistas normalmente hospedam as páginas em servidores estrangeiros para driblar a ação da Polícia Federal.
"Em sites do Exterior, enfrentamos uma dificuldade para agir. É preciso acionar a embaixada e pedir a quebra de sigilo para outro país, o que é complicado pela diplomacia e burocracia", explica o chefe da Divisão de Direitos Humanos da Polícia Federal, delegado Eriosvaldo Renovato Dias.
Os delegados blumenauenses Rodrigo Marchetti e Waldir Padilha, responsáveis pela Delegacia de Proteção à Mulher, à Criança e ao Adolescente e pela Central de Polícia, no entanto, disseram que este ano não souberam de algum registro de pessoas agredidas por grupos nazistas em Blumenau

Crime
Neonazistas recomendam boicote à "imprensa sionista"
O Santa tentou contato com responsáveis por quatro páginas flagradas na internet com mensagens nazistas. Não recebeu nenhuma resposta a dois e-mails enviados. Por telefone, outros dois neonazistas alegaram que não dariam entrevistas à "imprensa sionista". Em seus próprios perfis no Orkut, recomendam o boicote a tevês, rádios e jornais ligados a grupos judeus.
Os jovens seguem um estereótipo para divulgar a mensagem nazista. O visual exposto nas fotos é normalmente composto pela cabeça raspada e pelo uso de coturno. Nos comentários feitos, a saudação "Heil Hitler" pode aparecer codificada pelo número 88 - o H é a oitava letra do alfabeto. Outra codificação utilizada com números é o 14, que se refere ao número de palavras da frase "devemos assegurar a existência da nossa raça e um futuro para as crianças brancas", utilizada como lema.
Também demais chavões, como Poder Branco e Supremacia Branca, aparecem nos sites com freqüência. Além da linguagem, as imagens reforçam os ideais nazistas. A suástica é o símbolo mais utilizado, junto com fotos de generais do Exército alemão nazista.

Crime
Professora flagrou adeptos até na universidade
O advento da internet, com linguagem e acesso facilitados, contribuiu para a divulgação de valores nazistas, acredita a professora de História da Univali e da Udesc, Marlene de Fáveri. "Infelizmente, são mensagens preconceituosas e prejudicais à nossa juventude", lamenta a autora do livro Memória de Uma (Outra) Guerra - Cotidiano e Medo durante a Segunda Guerra Mundial em Santa Catarina. A tese de doutorado foi publicada em dezembro.
Para Marlene, os jovens adeptos do nazismo não têm noção do perigo representado pela facção política. "Trata-se de um movimento antagônico em um mundo que se pretende mais solidário", explica Marlene. A professora diz ter enfrentado contratempos em sala de aula. "Estes jovens podem ser encontrados em todos os lugares. No Vale do Itajaí, encontrei alunos de faculdade que defendem o nazismo", surpreende-se a professora universitária.
A apologia não pára por aí. "Muitos chegam a defender um revisionismo histórico, alguns inclusive explicando que não houve a matança de judeus." Os defensores da doutrina, diz Marlene, são jovens das classes média e média alta. "Nas relações sociais, não há inibição em defenderem ideais nazistas, por exemplo. Seja em casa ou nas escolas, acabam encontrando espaço para discutir não só a violência como a ideologia de raça", explica a historiadora.

Fora da lei
Além de ferir a cláusula pétrea da Constituição, de que todos são iguais perante a lei, sem distinção, quem cometer crimes resultantes de discriminação ou preconceito pode ser condenado à prisão. Confira algumas penalidades previstas em lei:
A fabricação, comercialização ou veiculação de símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada para divulgação do nazismo
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa
Crime de preconceito cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa e apreensão do material impresso ou corte das transmissões radiofônicas, na internet ou televisivas
Fonte: Lei nº 7.716, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor

Crime
Polícia Federal aumenta controle sobre conteúdo na rede
Quando recebe a denúncia de algum site com conteúdo ilegal, o delegado Eriosvaldo Renovato Dias, da Divisão de Direitos Humanos da Polícia Federal, desencadeia o controle. "O endereço é submetido aos policiais de investigação cibernética. Após identificarmos a origem, encaminhamos denúncia à polícia estadual", conta Dias.
Mesmo sem contar com números de quantos sites ilegais são embargados por mês no país, o delegado informa que há um crescimento de todos os tipos de crimes virtuais. Para conter esta demanda, ele espera contar nas próximas semanas com uma divisão especializada em conter os delitos na internet. "Quem for preso, responderá aos crimes previstos na legislação penal", justifica Dias.

Serviço
Como denunciar - Denúncias de sites com conteúdo nazistas ou preconceituosos podem ser feitos à Divisão de Direitos Humanos da Polícia Federal pelo e-mail ddh.cgbi@dpf.gov.br ou pelo telefone (61) 311-8270

[Ouvindo: Anthrax - I Am The Law - Álbum: The Greater Of Two Evils]


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