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sábado, dezembro 04, 2004

QUESTÕES SOBRE A MÚSICA CATARINENSE

A falta de grana e de um carro têm me afastado dos shows aqui em Florianópolis. A parte financeira nem precisa ser explicada. Quanto ao veículo, o problema é que, por mais que Florianópolis não seja uma cidade grande - em termos geográficos, de distância -, as casas noturnas que promovem apresentações de saudáveis entretenimentos musicais ficam sempre muito longe daqui. Moro no Bairro de Fátima, que fica num limbo entre o Estreito (ao norte), o Kobrasol e outros bairros da vizinha São José (ao oeste) e do lado de cá da ponte. Ou seja, mais longe ainda dos agitos da Ilha de Santa Catarina.

No entanto, como volto caminhando da redação de A Notícia diariamente, cruzo o centro nervoso da capital de todos os catarinenses: o calçadão da Felipe Schmidt. Ali sempre é possível se informar das atrações musicais da cidade. Principalmente para um estilo mais underground como o que eu gosto. O problema é que os shows do bom e velho rock pesado estão sendo realizados no Red Café, lá perto da Udesc, ou no Dusk Bar, antigo Chevet Som, que fica em São José. Este, por sinal, está sendo administrado por um camarada dazantigas, o Binho, que sempre esteve envolvido na produção de eventos metálicos. Mas não dá, é tudo muito longe e minha adolescência passou há algum tempo. Não tenho mais paciência para encarar excursões à pé ou para enfrentar viages de Madrugadão, ainda mais com o advento da violência por estas bandas.

Mas tô fugindo do assunto. Tenho notado, nos cartazes espalhados pelo Calçadão, que a moda agora aqui na cidade são os tributos. Em menos de um mês, já rolaram eventos que "homenageiam" todos os tipos de artistas. Desde um dos mestres da MPB atual, Djavan, até um dos ícones do heavy metal, o Metallica, passando por Chico Science e pela excelente novidade do rock pesado moderno, o System of a Down. Neste caso, em particular, acho até meio exagerado, pois tributo normalmente é feito para alguém que se destacou ou se destaca na cena há muito tempo. Mas isso é outro papo.

Qual motivo leva os músicos daqui a se dedicarem à isso? Não seria melhor se tocassem as próprias composições? Claro que seria. Mas aí a situação muda para outra questão: será que o público de Florianópolis apóia as bandas locais? Há controvérsias. Acho que determinados grupos claramente apoiados pela empresa de comunicações de maior poder sempre conseguem espaço, sempre tocam em festas públicas, principalmente em eventos patrocinados pelos governos municipal e estadual. As outras, bem, as outras seguem no mundinho à parte do underground.

O Damião comentou no seu blog paralelo algo parecido. Lá ele lembrava o fato de que a música catarinense não tem o mesmo espaço que, por exemplo, a música do estado ao norte do Uruguai. Nas entrelinhas, fica claro que a desvalorização do material artístico produzido por aqui tem raízes na própria falta de apoio local.

E não dá nem para sair com aquela velha desculpa de que "não existe apoio", que "as gravadoras são em São Paulo e Rio". Hoje em dia, com a tecnologia, neguinho grava CD no banheiro de casa. Qualquer um que estiver realmente afim e for persistente, consegue aparecer. Mas, em 21 anos que estou envolvido direta ou indiretamente com música, não lembro de nenhum artista de Santa Catarina - independente do estilo adotado - ter alcançado sucesso nacional. E olha que algumas bandas daqui são melhores do que muita porcaria que as grandes gravadoras empurram goela à baixo da população.

[Ouvindo: Metabolic Disfunction - Nothus - Demo Tape]




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