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quarta-feira, março 03, 2004

ATENTADO CONTRA A PÁTRIA DE RAQUETES



Reproduzo na íntegra texto do colega Régis Andaku, publicada hoje no caderno de Esportes da Folha de S.Paulo. É um excelente e mais do que oportuno comentário sobre a situação do tênis no Brasil.

TÊNIS

Quanto pior, melhor
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA


Eles estavam todos lá, na Bahia, com muita disposição, na semana passada.
Representantes da Confederação Brasileira de Tênis estavam por lá. A oposição também estava por ali, na paradisíaca Costa do Sauípe, marcando presença.
O ex-capitão da equipe brasileira na Copa Davis ficou o tempo todo por ali. O novo capitão da equipe também ficou por lá, na dele, mas sempre à disposição. Tiveram tanto tempo livre que até conseguiram bater uma bolinha, tranqüilamente, sem pressa, nas quadras do fundo.
Ex-jogadores que não engolem a confederação andavam para lá e para cá. Ex-jogadores que não engolem os ex-jogadores que não engolem a confederação idem. Ex-tenistas que criticam o ex-capitão passavam o dia todo procurando o que fazer. Ex-tenistas que criticam o novo capitão passaram horas sem ter o que fazer.
Os patrocinadores, donos do dinheiro que empurra o tênis nacional, também passaram o fim de semana lá. Com conforto, caminhavam calmamente entre um jogo e outro. Promotores, organizadores de eventos, os que são contra e os que são a favor da CBT, todos no mesmo lugar.
Jornalistas experientes, especialistas de boa-fé, comentaristas idôneos, gente boa mesmo. Foram todos vistos também ali no litoral baiano.
Os treinadores estavam todos lá. Os importantes, que moldam a cabeça dos melhores tenistas do país, e os que cuidam das cabeças dos novos tenistas do país.
E, óbvio, os tenistas estavam todos lá. O melhor do país, o segundo melhor, o terceiro melhor, o quarto, o quinto... O ex-melhor tenista do Brasil estava lá. Outro ex-melhor do Brasil também.
Havia também um bom motivo. Um não: alguns.
Tinha a crise em torno da troca do capitão da equipe brasileira na Copa Davis (nem tanto pela indicação de Jaime Oncins, muito querido, mas pela maneira como ele assumiu o posto de Ricardo Acioly). Tem toda a desconfiança sobre a direção da CBT (a oposição cobra com razão, e Nelson Nastás deve explicações sobre sua gestão à frente da entidade). E também tem todos aqueles mal-entendidos acumulados durante anos (um que não gosta do outro, que fala mal do um, que xinga um terceiro pelas costas).
Tinham todo o tempo, o café da manhã, a folga da tarde, os eventos da noite, as baladas da madrugada. E tinham muito lugar: os hotéis, as quadras de treino, a sala dos tenistas, a de imprensa, o espaço dos patrocinadores.
Mas não! Ninguém ousou articular um encontro, ninguém se preocupou em resolver as diferenças, em tirar as diferenças, em sair dali marchando na mesma direção. Esses senhores, que tantas idéias têm para resolver os problemas do tênis nacional, em nenhum momento buscaram o consenso, a articulação, a conversa.
Muitos pareciam mais preocupados com a piscina pela manhã, com a refeição à base de frutos no mar do almoço, com a baladinha da noite. Cada um na sua.
Futuro do tênis nacional? Parece que só o nobre leitor se preocupa com isso.


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