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segunda-feira, fevereiro 23, 2004

VIOLÊNCIA É REAL

Acabo de ver uma reportagem da colega Kíria Meurer, no Jornal Nacional, que me deixou ainda mais revoltado com a situação de Florianópolis. Apesar de ter o maior orgulho por ter nascido em Curitibanos, no interior de Santa Catarina, morei muito mais tempo na capital (entre 1982 e 1999). Assim, é difícil não amar Florianópolis como se fosse a minha cidade natal. Na matéria de hoje, ficou bem claro como uma cidade antes maravilhosa, pacífica e acolhedora se transformou em uma "cidade grande" no pior dos sentidos. Tráfico de drogas em meio a crianças brincando nas ruas.
É óbvio que o tráfico existe lá desde os anos 70. Mas nunca foi em nível tão forte, nunca a violência esteve tão presente no dia-a-dia de uma cidade como Florianópolis. Aqui em São Paulo, todos me perguntam quais motivos me levaram a trocar Floripa pela capital paulista. Motivos profissionais, respondo eu. Afinal, ser jornalista na capital catarinense é mais do que um desafio. Todos aqui querem ir morar lá. E muitos já foram. Mas, nos últimos cinco anos, a cidade se transformou, negativamente.
Como diz aquela música da Dorsal Atlântica, "Violência é real". Não há mais segurança nas ruas antes calmas e bucólicas. Desde 2002, cada vez que volto para minha casa, para rever meus pais, meus familiares e meus amigos, alguém me avisa: "cuidado na rua X", "não vá na rua Y", "em tal lugar, não pare durante a noite". Algo inimaginável há 10 anos. Em São Paulo eu não tenho medo de andar nas ruas. Mas, em Florianópolis, de uns tempos para cá, há lugares em que eu simplesmente não vou mais, com medo da violência.
Foi só começarem a dizer que era "a melhor capital do país para se viver", que lá se tem "os melhores índices de desenvolvimento" para que muita gente resolvesse mudar para Floripa. Pena que os marginais de outras cidades e estados também foram junto.
Tenho quase certeza que reconheci o morro retratado na reportagem da Kíria. Se for onde imagino, lá sempre se vendeu maconha. Mas agora a situação parece ter saído do controle de vez. Bons tempos aqueles em que eu ia a pé, durante a madrugada, da Coloninha para o Kobrasol. Ou quando se esperava o Madrugadão no campus da UFSC para voltar ao centro. Hoje em dia, em plena universidade, aguardar o transporte lá pelas 21 horas é um risco e tanto.
Minha resposta para os amigos paulistanos agora vai mudar. Violência por violência, talvez seja mais vantajoso morar em uma cidade onde há emprego e alternativas de entretenimento e cultura. Em Floripa, por mais linda e saudável que seja, não há vagas nem o que fazer. Quanto à violência, resta apenas lamentar.

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